quarta-feira, 1 de maio de 2013

Comunhão


O corpo que balança no ritmo do som e que vai-e-volta seguindo a batida frenética dos doces sonhos que são feitos disso e algo mais. Volta-e-vai, sobre o mundo. Sob si. Continua no ritmo frenético e a droga da língua na salvação da droga. E continua. Na cadência efemeramente eterna , paradoxalmente díspar porque ela não sabe nem ao menos o que está tocando – um remix qualquer? – mas os sonhos ainda são doces... Ainda são feitos? E balança os cabelos encharcados pelo suor que escorre de sua camisa preta cortada pela metade que era da sua irmã; ela nem ouve mais Kiss. E beija, e não dá a mínima, não pergunta nomes e normas, só ri enquanto usa e é usada pelo mundo. Vinte e dois centímetros mais perto do céu com os saltos altos demais. Não cai, por enquanto. Mas a queda ainda vem, no fim da noite, ela sabe, mas o que pode fazer? A droga da droga na salvação da língua.

Não ouve, não vê, não fala. Só sente. Sente-se no centro do Universo, na distopia que inventa enquanto navega pelos sete mares e mais! Quer abusar? Pois abuse da menina que ainda nem cresceu. Peter não é Pan, mas a espera em uma Terra do Nunca qualquer, oh, talvez o meio da pista seja a terra dos meninos perdidos que esfregam seus dedos pelo corpo serpenteante da menina que não é Wendy, mas também saberá crescer.

O corpo que balança no ritmo do som volta-e-vai não importando-se mais com a batida frenética dos doces sonhos. Pois os sonhos nem são mais feitos. Viva-se a relidade! Viva em comunhão perfeita entre o acaso deu ma noite qualquer e a temporalidade de ser somente mais uma a dançar enquanto o mundo finge que termina só para o sol nascer novamente entre o vão da cortina da janela do seu quarto.

E quem se importa com o resto?

O resto é silêncio.